"O Paraíso, Agora!"

Hany Abu-Assad realizou este filme que retrata algumas horas na vida de dois bombistas suicidas. Em "O Paraíso, Agora!", Said e Khaled são confrontados com a concretização e cumprimento de uma realidade que acaba por se revelar assustadora. Avisados na véspera, sem oportunidade de se despedirem da família, não podendo revelar a ninguém o que iriam fazer, são preparados para a "guerra santa" - purificados, alimentados (numa cena evocativa da Última Ceia), vestidos a rigor, como colonos na Palestina, fotografados e filmados. Pretendia-se que fosse uma película realista, nua e crua de intenções. Realmente, mostra-nos ou pretende fazê-lo, que são homens e mulheres, não loucos fanáticos, que se imolam à causa muçulmana. Que têm medo, hesitam e questionam. Mas fá-lo de forma pouco convincente e coerente, embora politicamente se compreenda que tenha recebido os prémios de Melhor Filme Europeu, Amnistia Internacional e Prémio do Público no Festival de Berlim, bem como Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro, tendo sido o primeiro filme palestiniano nomeado para os Óscares.